terça-feira, 1 de dezembro de 2009

UMA CARTA AOS "CAROS SÓCIOS" OU A ARTE DE MANIPULAR EM TODA A LINHA

Com data de 27 de Novembro, enviou a Direcção do SPGL uma carta aos "caros sócios e sócias"
em que, sob o pretexto de apelo à participação na votação para a alteração dos Estatutos, procura justificar a falta de oportunidade dessa alteração e os métodos menos democráticos que está a usar para a sua concretização.
Porque essa carta, enviada por mail e publicada no site, constitui um denso reportório de mentiras e de meias verdades, susceptíveis de contribuir para uma ainda maior desinformação dos associados sobre o processo de votação em curso, interessa repor a verdade dos factos:

(excertos da carta em itálico)
1. Aproxima-se o dia 10 de Dezembro, dia da votação para a alteração aos Estatutos do SPGL e para a decisão sobre a saída ou permanência do SPGL na Confederação Portuguesa de Quadros
A votação já está a decorrer desde o princípio do mês de Novembro e a votação a realizar no dia 10 é apenas residual. Só funcionarão menos de 10% das mesas de voto habituais. A Direcção apostou tudo nos votos por correspondência através do método de credenciais, emitidas em 3 de Novembro, sem que se conheça o número de credenciais nem o critério de emissão.

2. No “Escola/Informação” do mês de Novembro, que certamente já recebeu, pode ler as razões aduzidas por cada uma das propostas apresentadas sobre estas matérias.
O Escola Informação foi publicado a 20 de Novembro, mais de três semanas decorridas sobre o início da votação. As "razões aduzidas" não são as propostas, mas sim o que cada proponente refere para valorizar a respectiva proposta. As propostas propriamente ditas não foram publicadas de forma impressa como sucedeu na anterior revisão, em 2006.

3. Como era de prever, e foi também por isso que a Direcção decidiu avançar nesta altura, o trabalho preparatório deste processo decorreu numa circunstância em que, fruto da mudança de Governo e da tomada de posse da nova equipa ministerial, os dirigentes sindicais puderam dedicar parte do seu tempo a este trabalho.
Não é aceitável a justificação apresentada, porque os dirigentes do SPGL com os anos que levam de sindicato sabiam perfeitamente que não haveria qualquer interregno na luta dos professores e que a principal prioridade no 1º período lectivo seria sempre a Revisão do ECD, como oportunamente alertamos.

4. No entanto, a votação vai ter lugar numa data em que o trabalho sindical vai ser bastante mais intenso (está já a decorrer a negociação da nossa carreira) e em que nas escolas vai estar em marcha todo o processo de avaliação dos nossos alunos, o que dificultaria a constituição e funcionamento das centenas de mesas de voto que é habitual existirem em processos semelhantes ao que agora decorre.
A primeira reunião com o ME foi a 10 de Novembro, data em que já se tinha iniciado a votação por correspondência. A justificação para a inexistência de mesas no dia 10 de Dezembro, com ao "processo de avaliação dos nossos alunos" é ridícula e não lembrava nem ao Albino Almeida.

5. Claro que o(a) colega poderá sempre votar presencialmente
O "caro sócio" que neste parágrafo passou a "colega" é convidado a um exercício de masoquismo. Se estiver em Sines ou em Grândola, pode sempre deslocar-se a Setúbal para votar... na revisão dos estatutos. Se estiver em Alcochete só precisa de ir ao Barreiro. Simples e prático.

6. Recordamos que, nos termos estatutários, as alterações aos estatutos exigem a participação de pelo menos 10% dos sócios.
Aqui está uma frase totalmente verdadeira. A Direcção receia que, mesmo com o inovador sistema das credenciais, os sócios do SPGL estejam mais preocupados com os seus reais problemas do que com a revisão estatutária e não votem.
Por outro lado, abre-se aqui um espaço e uma possibilidade para que a proposta da Direcção seja derrotada.

7. Com os melhores cumprimentos,
A Direcção do SPGL
A organização e direcção do processo de revisão dos estatutos compete à Mesa da Assembleia Geral, mas é a Direcção (um dos proponentes) que dá as indicações aos "caros sócios" sobre como está organizado o processo e como devem votar.

Se outras razões não houvesse, esta missiva da Direcção do SPGL seria, só por si, suficiente para que os sócios do SPGL rejeitem a proposta da direcção de revisão dos estatutos e votem na proposta B.

SIM A UM SINDICATO DOS SÓCIOS FORTEMENTE LIGADO ÀS ESCOLAS
SIM À PERMANÊNCIA NA CONFEDERAÇÃO DE QUADROS

3 comentários:

J.M.Vargas disse...

Pois é exactamente como dizem. E mais ainda. Há outras subtilezas na carta. Por exemplo: "decisão sobre a saída ou permanência da Confederação de Quadros". O que consta da Metodologia e do boletim de voto é : "Permanência ou Saída".
A opção da Direcção na carta é intencional e no cartaz ainda vai mais longe: "Decisão sobre a saída (ou permanência) da Confederação de Quadros".
Apostam claramente na desinformação e na distracção dos sócios.

R. S. T. disse...

Ainda sou do tempo em que as cartas do sindicato terminavam com "Saudações sindicais".
A fórmula "Com os melhores cumprimentos" é mais um sinal da distância que hoje existe entre os ilustres dirigentes e os simples pagadores de quotas.

Fernando Marta disse...

Camaradas e colegas, algumas notas de um colega do SPRC:
Sendo o SPGL o maior sindicato (em termos de associados e não só)da Federação, é fundamental que volte a ser um sindicato combativo, presente nas escolas, com propostas para a resolução dos seus problemas.
De algum tempo a esta parte, alguns tecnocrátas que invadiram o SPGL,julgam-se donos do saber, do sindicalismo, e são o baluarte da cooperação, do "deixa andar" a propósito das opções políticas de Sócrates.
Só a luta esclarecida e informada poderá inverter esta situação.
Um abraço