quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quem ordenou a provocação?

Tribunal decide levar a julgamento um dos sindicalistas detidos
O sindicalista José Manuel Marques, detido na passada terça-feira em Lisboa junto à residência oficial do primeiro-ministro, vai sentar-se no banco dos réus no dia 31 de Janeiro. O tribunal decidiu levar a julgamento este sindicalista, acusado de desobediência à autoridade.
O outro dirigente sindical que também foi detido pela polícia após uma concentração contra os cortes salariais teve um destino diferente. De acordo com a advogada, Marcos Rosa, do SPZS/ Federação Nacional dos Professores (FENPROF), não sai do tribunal como arguido mas tem nova audiência marcada para 2 de Fevereiro. Indignado com a decisão judicial, José Manuel Marques, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração local-STAL, disse à SIC que até 31 de Janeiro irá preparar a sua defesa no sentido de provar que não furou o cordão policial, como alega o tribunal. O sindicalista disse também que “foi tudo uma precipitação”. O julgamento começou hoje, mas foi pedido o adiamento porque os próprios arguidos não tinham conhecimento das acusações de que são alvo, disse o dirigente sindical. "É preciso preparar a defesa", afirmou, justificando assim o pedido de adiamento e sublinhando que não é um criminoso, apenas um dirigente sindical. O outro detido, Marco Rosa, também em declarações aos jornalistas à porta do tribunal, afirmou ter saído hoje sem estar acusado de nada."O Ministério Público precisa de mais tempo para recolher dados para me acusar", disse, acrescentado que "não é a força repressiva que vai parar a luta, vai intensificá-la". No final das declarações de Marco Rosa, José Manuel Marques salientou que o seu "camarada, que não está acusado de nada, foi ontem (terça-feira) algemado como um criminoso", acrescentando que vão avançar com uma ação em tribunal contra o agente que o algemou. Enquanto os arguidos falavam com os jornalistas, os dirigentes sindicais reunidos à porta do tribunal, no Parque das Nações, em Lisboa, gritavam frases como: "A luta continua", "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais". Os dois dirigentes sindicais detidos na terça-feira participavam numa concentração frente à residência do primeiro-ministro em protesto contra os cortes salariais na função pública, que terminou com confrontos entre manifestantes e agentes policiais./ SIC com Lusa, 19/01/2011




Queixa contra a actuação policial
Dezenas de sindicalistas, empenhando cartazes e exigindo liberdade sindical, estiveram esta quarta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa, numa vincada afirmação de solidariedade com os dirigentes sindicais detidos e que foram presentes ao juiz. "A qualquer provocação como a que nos fizeram ontem [terça-feira], vamos responder com tolerância democrática", salientou Mário Nogueira em breves palavras dirigidas aos sindicalistas presentes.Entretanto, o secretário-geral da FENPROF garantiu hoje que a Federação vai avançar com uma queixa contra a actuação policial na concentração de terça-feira em frente à residência do primeiro-ministro, que resultou na detenção de dois sindicalistas. Mário Nogueira garantiu que a FENPROF vai avançar com uma queixa contra os agentes policiais, criticando que o dirigente desta estrutura sindical Marco Rosa – um dos dois detidos – tenha sido algemado.“É inaceitável que um cidadão que se deslocava para casa fosse algemado como um bandido. Isso não pode acontecer e terá as consequências jurídicas naturais, não iremos ficar quietos nem calados”, referiu. Nogueira considerou ainda que o que se passou terça-feira “é muito preocupante no plano democrático”: “revela bem como a democracia em Portugal – nomeadamente nos últimos tempos com este governo e este Presidente da República - tem vindo a degradar-se". Afirmou também que “a maior parte dos polícias retira o crachá” com o nome, em situações como estas, atitude que condenou.Os agentes “estão num serviço público e todo o cidadão tem o direito de identificar a pessoa por quem é atendido, neste caso, atendido à bastonada”, disse, acrescentando que o elemento que algemou o dirigente da FENPROF “estava identificado.

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